Pois bem, este ano tem sido cruel com relação as perdas...
Numa época muito difícil da vida, em 2006, eu tive uma queda moral, espiritual e física de gigantescas proporções, ficando internado numa clínica psiquiátrica para tratamento de patologias bem sérias.
Nessa época, além da minha mãe, irmãos, da ex-sogra e de minha ex-mulher, um tio se destacou, o tio "Gordo",(irmão do meu pai), assim o chamávamos, mas seu nome era, Florisbelo Batista de Abreu,de gordo só restara o apelido, porque as doenças cardíacas já haviam sugado todo seu potencial físico, entretanto era um gigante de humanidade e preocupação com a família.
Esse homem, com mais de 70 anos, e uma condição física de inspirar total cuidado, mesmo assim, foi me visitar na clínica, São José, com uma escadaria bem íngreme, parou diversas vezes, como conta meu irmão mais velho, mas foi me visitar, ver como eu estava.
Depois desses eventos da vida, fiz tratamento (desde 2006) e me recuperei, mas jamais esqueci do esforço sobrehumano que o tio "Gordo" fez por mim, e sempre ia até sua casa 1 vez por semana, ele me aconselhava, me dava as direções certas. Até que em julho ele nos deixou, dormi na casa do tio Gordo, a última semana de sua vida, um dia antes dele falecer, já não podia nem andar direito, as crises de falta de ar eram mais frequentes e fortes, mas mesmo assim assistimos o último jogo de futebol juntos, porém foi o último.
No dia 15 de julho, o tio Gordo se foi, ficaram as boas lembranças, os conselhos e um grande vazio.
Como se não bastasse essa perda. Minha tia Elisa também se foi.
A tia Elisa, irmã de minha mãe, era uma pessoa singular, tenho as melhores lembranças desse ser humano maravilhoso.
Lembro quando era muito criança, acredito que aos 4 anos, e ela sempre muito carinhosa comigo, muito amável.Comprava presentes muito bacana, meu primeiro carrinho de fricção foi ela que me deu. E depois de adulto, ela continuava a me presentear, ganhando um mísero salário mínimo, me dava presentes, os últimos foram perfume, uma bermuda e um sapato, todos caros, mas o que me emociona não é o valor deles, porém a vontade dessa mulher incrível de viver e amar. O presente mais caro, indubitavelmente, foi talvez o mais barato em cifras, um quadro que dizia "Você é muito importante para mim", e no final era Jesus.
Mas a sua saúde também estava muito fragilizada, tinha 3 cirurgias no coração, nos deixou muito cedo, com apenas 48 anos.
Ela era alegre, às vezes brava, mas sua maior característica era seu amor com todos, amava seus filhos, os sobrinhos, à vida. Lutou e muito para manter-se viva e em movimento, mas era o fim.
Tia Elisa, tinha muitos namorados, prova disso que em seu velório havia três (risos, mas com muita saudade).
Ela ligava todos os dias, às vezes três, quatro ligações, chegava com aquele jeitinho de criança, trazendo o Joãozinho e preocupada com a educação do menino.
Querida tia Elisa, onde você estiver, onde estiver sua energia, quero que saiba que você foi uma das pessoas que marcaram profundamente minha vida e desejo que descanse em paz, ao lado do nosso bom Jesus.
Essas perdas foram profundamente marcantes, contudo a vida segue seu caminho e quero levar dessas duas pessoas seus exemplos de vida, pois ambos lutaram para viver e tinham uma grande preocupação com seu semelhante.
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